EU e o OUTRO

O Acto da representação é o momento da pós-metamorfose. O Eu cria um tempo-suspenso definido como campo-vazio-real, aguardando o momento de reentrada em cena. No momento da criação do campo, o Outro é o centro do espaço convencionado, é a atenção, o emissor da coisa audível, compreensível, comum ao receptor (o mais que outro), sendo que este se funde no mesmo tempo com o Outro e o Eu por determinação acordada.
O Eu-Outro como confronto intelectual, físico, abstracto, encontra-se no momento anterior ao Acto da representação, pairando com os pés assentes no campo das dimensões, onde o Eu olha de fora para si próprio e para o Outro. O Outro num verdadeiro confronto pela sua sobrevivência liberta-se para também se contemplar a si próprio e fundamentalmente observar o seu presente Eu. É neste campo dimensional que o Eu-Outro emerge como um só, grandioso, imensamente poderoso, gigantesco conseguindo também ele (o Eu-Outro) conhecer-se, observar-se e despertar o seu próprio Eu e o seu Outro.
É marcadamente no início e no fim, de todos os campos criados, que o Eu e o Outro são Dois distintos, verdadeiramente sempre distintos: o Eu-Homem (o que ambiciona ser o Outro ou sentir o Outro) e o Outro-Personagem (o que ambiciona ser sempre o Eu-Homem). No início são Dois, no fim são Dois multiplicados pelos diversos resultados dos seus próprios confrontos. O Eu-Homem por dramatismo ou por pragmatismo estabelecido pelo campo real (pela vida) morre. O Outro-personagem ou o novo Outro-Homem vive. Neste final, por dramatismo ou pragmatismo do Acto da Criação Teatral, o novo Outro-Homem assume a sua existência entre o campo espacial convencionado e o seu retorno às páginas do seu próprio criador.
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