O TEATRO HOJE I

O Teatro é hoje uma mera manifestação de entretenimento, capaz de arrefecer os dramas diários de uma sociedade, da urbana em particular. É uma espécie de anti-depressivo que combate um dia laboral árduo e exigente, capaz de sofisticar a mais brejeira das anedotas.

Ao longo de séculos impôs-se a discussão sobre o sentido e a importância da arte dramática no seio das sociedades. Seria ele um instrumento medidor do nível e capacidade intelectual, uma manifestação educacional, um aperitivo para a criação e solidificação de uma sociedade comunitária, seria ele ainda a manifestação por excelência da difusão cultural das sociedades, ou por outro lado caber-lhe-ia o papel de abordar e confrontar os poderes estabelecidos? Em resultado de tais questões muitos movimentos foram criados, pesquisados e experimentados, desde o teatro clássico, ao teatro absurdo, ao teatro pânico, até aos movimentos mais vanguardistas e experimentais, que de uma forma ou outra confrontaram e debateram questões sociais. O teatro expressionista por seu lado, que logo após a II Guerra Mundial retratou os efeitos do pós-guerra e levou à cena os problemas das consequências conhecidas dos efeitos das guerras, chegando aos pormenores da essência humana, retratando o ser humano em toda a sua brutalidade. No caso português devo destacar o dito Teatro de Intervenção, que contribuiu de forma activa para a concretização de uma revolução política e social em Portugal.

Desde a Grécia, período da sua convenção, que o teatro é confrontado com outras manifestações artísticas, sociais e políticas, colocando-o sempre numa espécie de “corda bamba” muito perto da sua extinção. Mas o mesmo tem-se mantido activo e fiel no essencial da convenção Grega.

Em todo o seu período histórico nunca o Teatro viveu um momento tão sui generis. É hoje um mero instrumento do entretenimento, tendo-se ausentado do debate de ideias, da procura do conhecimento, da inquietação, da confrontação, assumindo um retrocesso medieval medíocre, onde o “Bobo da Corte” é o protagonista e as caretas o argumento por excelência, num enredo simplório subjugado aos interesses parolos de Reis e súbditos, que mais não pretendem do que entreter o povo maioritário.

Apesar da assombrosa tendência para um teatro do entretenimento, acredito que a essência do teatro no que concerne a literatura e ao actor, como o centro do palco entrarão novamente em cena.

Comentários

  1. Caro Fábio, o seu blog está muito interessante. Parabéns! O teatro precisa de mais atractivos em cena, do que um simples palco que, na maioria das vezes, parece de papel. A artes cénicas estão desvalorizadas. Mas vamos tentar mudar este cenário.
    Abraços e continue essa divulgação.

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  2. parabéns cara, por ter destacado a verdadeira realidade que se encontra o teatro atual e assim deixou um pergunta para todos.qual o papel do teatro na atualidade.

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